sexta-feira, 14 de maio de 2010


(Pintura original de Frieda Harris: O Mundo- Lâmina do Thoth Tarot de Aleister Crowley)

Flores parecem flutuar...
Perfume,
Meu jardim,
Meu mundo, profundo,
Então, permito-me deitar sobre a grama
E simplesmente fluir-me,
Sem preocupar-me com o esmero da palavra,
Porque minha pequena alma não sabe escrever,
Só sabe sentir...

Os hindus dizem que reconhecemos as pessoas, que fazem parte de nossas “vidas passadas”, pelas mãos e olhos.
Confirmo?

Sei que nas vidas presentes, mãos e olhos são reveladores:
Desvendam personalidades,
Expressam corações...
Como alguém oferece suas mãos e nos olha
É tal como o murmúrio dos segredos infantis:
Só não entende quem não quer.

Mãos acariciam com ternura e olhos envolvem por inteiro.
Encontros...
Mãos acenam um adeus e olhos dizem “eu sempre vou te amar”.
Desencontros...

Adoro mãos com intenção do bem.
Adoro oferecer minhas mãos.
São sempre quentes.
Adoro as mãos de todas as pessoas de quem gosto...
As primeiras mãos que amei foram as de minha mãe.
Minha filha amou as minha.
As mesmas palavras ditas,
Retidas,
Repetidas:
Abrigo, proteção...

Adoro olhar as pessoas com quem falo.
Meu olhar tem palavra de honra:
Nunca mente...
Conheci poucos olhares como o meu.
Dizem que é lindo. Também acho.
Meu olhar também é vidente.
Pressente.
Infelizmente?

Mãos: pincéis para desejos.

Olhos: janelas para o mundo.

E somos nós os mestres de nossas escolhas...

Alguns escancaram as janelas. Querem ver tudo!
Pintam telas gigantes, coloridas, versáteis...
Outros só conseguem bisbilhotar pelas frestas. Temem enxergar além!
Traçam singelos esboços...

E assim todos vivem
E alguns se perdem...

Preciso sair do jardim...

(Autora: Cris Lopes)