segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ética nos relacionamentos


Encontrar tempo para as coisas que nos dá prazer é saudável. Existem muitas maneiras de se obter prazer: viajar, ler um bom livro, visitar um amigo, escutar uma música, dançar, participar de um papo cabeça. Quanto ao prazer sexual ou amor eros, acredito que quando se fala de relacionamento, nada precisa ser torto- basta que as pessoas sejam honestas umas com as outras e digam qual é a proposta do relacionamento que desejam viver. Tudo é uma questão de acordo- a ética, o respeito, a cumplicidade estão muito mais presentes nisso (conversar e acordar)do que em qualquer modelo pré-estabelecido. Há quem prefira uma relação aberta (ótimo se for bom assim para os dois) e há quem objetiva uma relação com fidelidade (ótimo se for bom assim para os dois). Infelizmente, as pessoas geralmente são egoístas e imediatistas. O importante é conquistar o objeto de prazer seja como for. Mentem, iludem para conseguir o que desejam. O torto consiste na falta de honestidade, de caráter, de integridade quando as pessoas distorcem, camuflam o que realmente desejam e, assim, impedem que as outras façam, de fato, suas escolhas (opções verdadeiras). Quem não têm maturidade para expor o que realmente deseja, impõe ao parceiro(a) um(a) personagem, uma relação fraudulenta e, pior, desnecessária, porque existem milhares de pessoas no mundo, e entre elas haverá muitas que pensamcom harmonia. Quanto a música do Raul Seixas(A maça), lembrada por alguém no contexto da questão, só posso dizer que sempre existiram homens que gostam de ser cornos, os famosos cornos mansos, como também sempre existiram as mulheres que se fazem de cegas, surdas e mudas. No entanto, isso pode ter outra leitura e ser maravilhoso para um casal que se sinta feliz variando de parceiros. Como eu disse antes: é tudo uma questão de ACORDO.
(autora: Cris Lopes)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Tempestade


Sara sorri o rosto colado na janela de seu quarto. Absorta nas cores que acariciam o vidro, não percebe quando seus olhos deslizam pelos caminhos desenhados com os pincéis invisíveis. Rosa, azul, violeta predominam nas transparências das gotas vestidas de luz.
O tempo volta muitos anos a uma tempestade que rodopia intensa depois da insistência ardente do sol. O vento sacode folhas alvoroçadas até quase desnudar por completo as árvores. Ecoa a explosão do transformador e se instala um apagão na rua. Todos vão para a cama mais cedo. Parece que a ausência de testemunhas deixa o vento ainda mais ousado em seu despudor. Os trovões silenciam por segundos os gemidos, as palavras entrecortadas que chegam do fim do corredor. Sara negligencia a rotina de bater na porta do quarto dos pais para saber o que está acontecendo. Sensações instintivas a impedem. Impressiona-se com seu corpo: o coração acelerado pulsa em seus ouvidos atentos, os pequenos mamilos túrgidos salientam-se no plano relevo da parede torácica infantil, o cheiro úmido da terra e do mato invade suas narinas ofegantes e os galhos das árvores, em orgia, ameaçam quebrar as vidraças e penetrá-la por sob os lençóis brancos de algodão. Medo e prazer, morte e vida se mesclam pela primeira vez. A percepção dessa alquimia para Sara é a de total rendição à desenfreada força dinâmica que mexe, remexe com cada recôndito de seu corpo, enquanto sua mente parece desdobrada como se ela fosse uma voyeur de si mesma. A intimidade entre ela e a tempestade é de união plena. Desperta algo nunca percebido antes pela menina, e quando silencia já encontra Sara adormecida exausta...
(Cris Lopes)