No passado recente a Fluoxetina era o medicamento que habitava o bolso e a bolsa das pessoas. Na primeira consulta de avaliação era frequente encontrar quem fazia uso de Fluoxetina. Parecia uma febre: Fluoxetina para auxiliar na dieta, para Síndrome do Pânico, para fibromialgia e para tantas outras condições. Atualmente, a bola da vez é o Rivotril. Com certeza, no futuro, não muito longínquo, outro medicamento surgirá como o “da hora”. Infelizmente, esse fenômeno decorre de uma contemporânea maneira de interpretação do adoecer e que envolve o indivíduo e a sociedade na qual ele está inserido.
É preciso uma reflexão prévia sobre determinados focos para uma análise da questão em sua totalidade. Inicialmente, saliento o fato de que não há saúde sem respiração saudável. A sociedade está com a respiração superficial, curta, apressada... É preciso respirar com calma, profundamente, pausadamente, porque é a partir desse respirar com tranquilidade que alongamos nossos músculos, que aliviamos nossas tensões e dores, que garantimos a oxigenação adequada para todos os nossos tecidos e órgãos, que entramos em contato com nós mesmos, que descobrimos a importância de aprender a relaxar, de encontrar tempo para, no silêncio, nos conhecermos e entendermos as nossas verdadeiras necessidades e nos harmonizarmos. No entanto, a nossa construção social exige pressa, nos atira sobrecargas desnecessárias e demandas absurdas desde a infância até a velhice. Somos neuroticamente acelerados, apressados. Lembram do coelho da “Alice no País das Maravilhas”? E para que? Por quê? Para chegar onde? Depois de massificados, explorados, consumidos, somos, finalmente, descartados. E sabe o que é o pior? São nossas as cabeças que estão no comando desse processo. Será que existe algo mais poderoso para a saúde do que pensar com calma, pensar bem e “positivamente”? Há pessoas que nascem privilegiadas: naturalmente conseguem sorrir com facilidade, encarar a vida como excelente oportunidade de aprendizado, superar obstáculos e têm uma capacidade fantástica de recuperação após as “cacetadas” que, sem exceção, todos nós recebemos! No entanto, o que resta aos mortais que não absorvem o mundo com tanta facilidade?
A contemporaneidade exige pressa e, assim, predispõe a uma urgência de eliminar tudo aquilo que necessita de mais paciência, de mais tranquilidade para que consiga ser resolvido. As prioridades são tantas e o tempo é curto. O melhor é um jeito mais prático e rápido para sanar tudo! Será?
Com exceção dos traumatismos, a grande maioria das doenças são reflexos visíveis de um adoecimento invisível. Doenças são gritos de socorro lançados para fora pelo que nos garante a vida: a nossa energia vital. Quando a nossa energia vital se desarmoniza, se instala a doença. Cada órgão se relaciona a uma emoção, a uma forma de absorver as experiências que vivenciamos, e tudo depende de características individuais que são envolvidas pela herança genética, pela história de nossa construção afetiva e por algo que transcende explicações tão objetivas e que podemos chamar de essência.
Há alguns anos atrás a corrente da racionalidade predominante era a do determinismo social, ou seja, a de que o meio determina o homem. Simples assim? A psiquiatria atual admite que existe algo peculiar, algo próprio do indivíduo que predomina sobre os demais fatores e que, na verdade, será o principal determinante de suas ações e de como ele vai interagir com o meio. Claro que as condições do meio influenciam, facilitando ou dificultando a vida das pessoas, contudo elas não são capazes de determinar como será alguém. Se fosse simples assim não haveria bandidos nascidos e criados no seio de boas famílias nem vice-versa. A essência individual é o que realmente determina como vamos ser e o que vamos desejar em nossas vidas.
A questão principal é que se você não é uma dessas pessoas que chega ao mundo com uma essência positiva, o que fazer? Será que você está fadada a viver envolta pelo negativo? É essa sua sina? Será, com toda certeza, se é nisso que você acredita. De volta ao pensamento! Podemos rodopiar, girar, saltar, mas lá está sempre ele, diante de nós, pulando de um espelho, como o coelho do mágico salta de sua cartola (e esse definitivamente não é o coelho da Alice) a gritar num “insight” o momento do seu “xeque-mate”, o fim em si mesmo: hei, “Você é aquilo o que pensa!” Existe algo mais clichê? Abri o Google com essa frase hoje e encontrei aproximadamente 3.940.000 resultados. Agora, quer saber? Além de ser clichê, existem muitos cientistas pesquisando isso no mundo inteiro em diversas áreas: neurociência, neurofísica, neuropsiquiatria, medicina nuclear,etc. Li essa semana na internet: “Muitas pesquisas sobre mente e corpo, realizadas por cientistas da Harvard Universisty e o Instituto de Mente e Corpo com a liderança de Dr. Herbert Benson, médico e pesquisador da Harvard Medical School, provaram que a mente influencia em linha direta o corpo, e que os pensamentos tanto adoecem como curam. Não precisa ir nem tão longe; aqui mesmo, no Brasil, existem vários cientistas estudando diversos assuntos que envolvem a importância do pensamento para a vida. Essa verdade pode parecer redundante, mas estamos falando de aferições científicas, cujos resultados endossam a visão interna dos antigos, gerando credibilidade nos meios mais "céticos" e empíricos.”
Então, se você faz parte dos “desfavorecidos em positivismo mental” acredite que a sua sina pode mudar. Não vou dizer como, nem apresentar fórmulas prontas, porque cada pessoa é um universo próprio, com necessidades e soluções individuais. Entretanto, a partir da minha experiência profissional como médica holística há 30 anos, posso repetir que é preciso respirar com calma, encontrar tempo para você silenciar, mergulhar e descobrir quais são as suas verdadeiras necessidades. O que deixa você alegre, feliz? Felicidade e saúde são conceitos que se fundem. A partir dessa compreensão, faça a lista de metas e mudanças a serem alcançadas na sua vida para você se sentir melhor e mais saudável. Você vai precisar apenas de disciplina e mãos à obra! Faxinas e arrumações dão trabalho, mas depois o conforto será todo seu!
(autora: Cris Lopes)
(autora: Cris Lopes)
Perfeito o seu depoimento,Dr.Cristina. Realmente a vida é muito corrida e tudo muito agitado, e pessoas igual a mim que não nasceu com o dom de saber lidar com problemas com facilidade, encaramos os remédios e o rivotril é um dos que eu faço uso...Ótima a parte da respiração,aprender a relaxar, pois nas minhas piores crise do panico, qdo eu começava a trabalhar comigo mesma na respiração a melhora vinha mais rápida... Vou fazer isso, colocar em prática uma faxina no meu eu interior e quero bem em breve me sentir totalmente apta para não usar nem um medicamento para lidar com a "doença". Muito Obrigada e mas uma vez foi de grande valia ler seu blog! Beijo grande
ResponderExcluirTatiana Ventura