Deus é perfeito; eu não sou. Ele sabe e eu também.
A imperfeição oferece liberdade ao exercício do meu ser e faz de mim uma criança.
Sorrio, desejo, embirro, zango, choro, danço, canto, acerto, erro e até falo sozinha...
Muitas vezes provoco desordem a casa com uma bagunça bendita que sacode a poeira e coloca para fora coisas escondidas.
Tem gente que se aproveita da confusão: acha, limpa, usa o que serve ou descarta, despacha o que não presta no lixo!
No entanto, tem gente que detesta bagunça. Pessoas assim não me querem de volta nem pulando amarelinha nos fundos do quintal do vizinho.
Preferem o tapete no lugar cheio de sujeira por debaixo; a cozinha limpinha com o fogão tampado e coberto pela toalhinha; a mesa de jantar vazia de pratos e copos degustados;
a cama de lençóis bem passados, esticados sem marcas de abraços.
Gente assim não gosta de criança levada que sabe brincar de verdade!
Prefere miniatura de adulto robotizado!
Cria uma expectativa de mesmice exagerada, como se alguma inovação, sopro de evolução ou alegria imensa pudesse sobrevir de algo que só é copiado infinitamente...
Confunde harmonia com monotonia; organização com inflexibilidade; omissão com boa educação, sossego com falta de criatividade!
E é por isso que sou inquieta, mutável, questionadora e sigo ao lado de crianças tão ou mais levadas do que eu pelo simples prazer,
Prazer de criar, inventar, descobrir, desmontar, destruir, perguntar, reconstruir e rir.
Se houver necessidade, discutimos, batemos bocas, ficamos suados, e até descabelados,
Mas acrescentamos daqui, subtraímos dali e o resultado final dá certo.
Eu e meus amigos somos todos diferentes,
E temos algo em comum: adoramos ser assim!
(autora: Cris Lopes)
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